Nós, do Sefras - Ação Social Franciscana com Movimentos, Redes, Coalizões e diversas Organizações Sociais, fazemos parte da mobilização popular da Cúpula dos Povos. Nossa atuação visa a articulação e incidência perante as urgências mundiais, que exigem soluções urgentes e o compromisso de todos e todas com o cuidado da Casa Comum.
O que intitulamos como “Agenda dos Invisibilizados” é nosso compromisso central de fazer valer o grito dos que mais sofrem historicamente e que trazem na sua existência as chagas expostas das mazelas causadas por essa forma de organização da vida que vivemos. Ao tornar central suas pautas e participarem como sujeitos políticos colocam no curso da História outra forma de política e econômica, pois para a atual, eles são os descartáveis!
ACREDITAMOS QUE…
Tudo o que existe está interligado e merece ser cuidado e defendido como uma necessária comunidade de vida. Por isso, compreender que existe o grito da terra e dos pobres é fundamental para superar uma Política e um Marco Legal antropocêntricos e não ecológicos.
A invisibilidade social e política não é uma condição natural, mas sim o resultado da omissão de quem historicamente explora e governa, conduzindo cotidianamente um Projeto Político de Sociedade, em que a competição insaciável, a falsa noção de meritocracia e o lucro acima de tudo e todos é o propósito incessante.
Não podemos debater os graves problemas da justiça socioambiental e suas possíveis soluções sem pensar na mudança política e estrutural frente ao sistema econômico vigente. Este sistema econômico capitalista que na sua trajetória depredadora de lucrar acima de tudo e todos, sem princípio solidário, comunitário e ético, nos levou, enquanto Planeta, a patamares de esgotamento da biodiversidade, inerente à existência.
Os efeitos devastadores em curso das mudanças climáticas e a desigualdade social impactam de maneira mais profunda aqueles que vivem na margem das margens da sociedade: pessoas em situação de rua, imigrantes, refugiados, pessoas idosas sozinhas, famílias residentes em periferias e tantos outros invisibilizados pela falta de prioridade da sociedade e do próprio Estado.
As estatísticas e estudos recentes ainda não conseguem medir o verdadeiro impacto na vida destas pessoas, que estão na linha entre o existir e a sobrevivência.O excesso de calor, frio e chuva é devastador para aqueles que não têm teto, vivendo nas ruas ou em comunidades sem acesso a uma moradia digna ou saneamento básico
O racismo ambiental se manifesta tanto na cor da pele quanto no contexto histórico de desigualdade gerado desde a colonização.
É urgente criar agendas e mobilizações de forma colegiada e solidária. Diante da valorização de uma cultura individualista e segmentada, desenvolver espaços de diálogo, cooperação e parcerias se transforma numa estratégia corajosa e necessária para a promoção do Bem Comum.
CONVOCAMOS…
Diante do aumento da fome, das mudanças climáticas e da crise nas governanças globais, as organizações da sociedade civil se mobilizam, chamando a atenção para a necessidade de soluções concretas e sem falsas promessas. Por isso, reforçamos a mobilização internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa quase à metade e zerar as emissões líquidas até 2050 para que o objetivo do Acordo da ONU de estabilizar o aumento da temperatura global em 1,5º C até o final do século possa ser alcançado. Ao lado disso, diversas ações precisam ser implementadas para promover a adaptação aos efeitos cada vez mais frequentes e intensos das mudanças do clima.
Outra proposta internacional é a criação de um imposto mínimo de 2% sobre a riqueza dos bilionários, que permitiria arrecadar anualmente cerca de US$ 250 bilhões (R$ 1,2 trilhão) sobre a renda de 3 mil super-ricos, visando o combate à pobreza e à crise climática.
A defesa da taxação é crucial, mas devemos ir além. Caso a cobrança entre em prática futuramente, é fundamental questionar desde já quem faria a administração de recursos e se realmente vai ser destinado às necessidades das populações mais vulneráveis. É imprescindível o controle social e a participação da sociedade para garantir, entre outros, que o recurso não fique nas mãos de instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Diante deste contexto desafiador, complexo e fatal para centenas de milhares de pessoas, convocamos a sociedade civil e os Estados a assumirem um compromisso ético dos Estados, que priorizem a Agenda dos Invisibilizados, a partir das seguintes proposições:
O reconhecimento político e legal da interdependência de todos os elementos naturais, incluindo animais, vegetais, minerais e humanos, como 'sujeitos de direitos
o enfoque prioritário, estratégico e emergencial para pessoas e grupos que vivem historicamente em situação de extrema vulnerabilidade social e econômica e que são invisibilizados pela sociedade em geral e pelos tomadores de decisão;
a busca e o desenvolvimento efetivo de dados a partir da particularidade destas pessoas e populações invisibilizadas para garantir o controle social e ambiental para tomada de decisões assertivas e relevantes;
a promoção de políticas públicas estruturais e continuadas para enfrentar os elementos históricos da desigualdade para estas pessoas e populações, superando ações paliativas e de caráter assistencialista;
a criação e planejamento de novos sistemas de produção e consumo, que considere o valor e a preservação da biodiversidade, e que o acesso à renda básica seja universal para assegurar a dignidade para todos e todas;
o investimento massivo para estratégias e programas de reurbanização, em destaques nas periferias, que tenham princípios, processos e estruturas inclusivas para o bem viver destes grupos prioritários.
Por fim, não podemos deixar de mencionar que a conversão ecológica exige uma mudança profunda nos organismos internacionais que regulam as instituições globais. A participação da sociedade civil é essencial para uma sociedade livre de opressões e justa com todas as formas de vida.
Faça parte desta mobilização:
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