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SEFRAS lançará livro “Fome e assistência alimentar na pandemia” na próxima segunda-feira

Atualizado: 15 de fev. de 2023


Na próxima segunda-feira, dia 17 de outubro, o SEFRAS - Ação Social Franciscana- lançará o livro “Fome e assistência alimentar na pandemia”, retratando a realidade da fome no Brasil durante a pandemia. O evento será online, com transmissão no Youtube a partir das 19h30.

Abordando diversas nuances relacionadas às vulnerabilidades alimentares, o direito e a assistência à alimentação. Trazendo, também, perspectivas de mobilização e incidência para o enfrentamento da fome.

O projeto foi coordenado por Fábio Paes e Fabiana Sanches, que compõem o time de Advocacy da organização. E tem autoria de Adriana Salay Leme, José Raimundo Sousa Ribeiro Junior, Lis Furlani Blanco e Livia Cangiano Antipon.

Ainda, contou com a participação dos coletivos e movimentos sociais: Ação Cidadania, a Aproximação Quilombo Favela, Casa do Hip Hop, Coalizão Negra por Direitos, Comunidade Menino Chorão, Emergência Peri, Escola de Gastronomia Social (CE), Greenpeace, MST (incluindo grupo em Recife e São Paulo), O Amor Agradece, Paróquia Santa Clara - Freis Franciscanos (RS), Quebrada Alimentada, Quentinha Solidária (MA), Rede Maniva (AM), Sindicato dos Petroleiros (RMC) e SOS Periferia (CE).

O SEFRAS no enfrentamento da Fome

Desde a chegada do novo coronavírus, o tema da fome voltou a ser tema destaque de publicações acadêmicas e da grande mídia.

Como levantado pelo próprio livro, no início de 2021, segundo “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de covid-19” realizado pela Rede Penssan, em dezembro de 2020, mais da metade (55,2%) da população brasileira encontrava-se em algum grau de insegurança alimentar. Ou seja, conviviam com o risco de fome (insegurança alimentar leve) e a fome (insegurança alimentar moderada e grave) em seus domicílios.

Esse aumento foi visto e sentido pelo SEFRAS em seu dia a dia de atendimento ainda em 2020. As filas para entregas de alimentos aumentaram exponencialmente. Nesse contexto, a instituição realizou sua primeira publicação, o relatório “A Fome Como Prato Principal”.

“Nós fizemos uma sistematização das boas práticas de produção de alimentos e no acesso a estes ao longo da pandemia”, afirma Fábio Paes, coordenador de advocacy da instituição e do projeto do novo livro. “Ali já começamos a nos questionar: qual o conceito de fome para os franciscanos?”.

A partir deste questionamento, foram consultados articulistas e especialistas para pensar e entender qual é o modo franciscano de perceber a comida e o enfrentamento à fome. “Esse livro para nós serve para nos aprofundarmos no conceito de fome dentro da perspectiva histórica e política. A partir do desenvolvimento dele, passamos a entender a fome não como algo pontual, mas sim como um sintoma de um projeto político”.

A fome para os franciscanos

O livro “Fome e assistência alimentar na pandemia” traz um levantamento conceitual a respeito da fome e faz cruzamento de diversas propostas, conferências, redes, organizações e movimentos que pautam a luta contra a fome.

Em meio às pesquisas e estatísticas sobre o aumento da fome no Brasil compiladas na publicação, há o resgate do conceito de Josué de Castro no livro “Geografia da Fome”. O estudioso conclui que o problema da fome não se trata de uma questão quantitativa de alimentos ou de número de habitantes, mas sim das distribuições de riquezas, que estão cada vez mais concentradas nas mãos de poucos.

“Nós franciscanos, por meio deste livro, percebemos a fome como projeto político”, relata Fábio. “Se tem alguém que está excluído, que está com fome, quer dizer que esta relação está totalmente quebrada. A fome é sintoma de um projeto totalmente equivocado e que não segue os mesmos princípios franciscanos de Acolhimento, Cuidado e Defesa de toda e qualquer vida”.

Desse modo, entendeu-se a fome como projeto econômico e político, de financeirização da vida, de valorização de meios de produção insustentáveis. Possibilitando o surgimento de uma das maiores contradições vistas no Brasil atualmente: a exportação de toneladas de alimentos, com o lucro de grandes latifundiários e pecuaristas na casa dos bilhões de reais, em paralelo às 116,8 milhões de brasileiros sem acesso pleno e permanente à comida.

O alimento é um um aspecto fundamental para a manutenção da vida, mas também contempla fatores afetivos e culturais. A comida está associada à identidade e à memória de um povo, seja pela forma de preparar os alimentos, seja pelos hábitos criados em relação às refeições.

É por meio da comida que se cria uma memória afetiva de quem somos e como estamos conectados, como família e comunidade. Dentro de um contexto de pobreza e exclusão social, todas essas condições para uma boa alimentação são violadas.

“A comida se transformou em moeda do capital", continua o coordenador. “O alimento virou uma commodity, e não um direito básico acessível para todos os seres humanos.”

Próximos Passos para a Incidência Política

Também no relatório, “A Fome Como Prato Principal”, ao final do documento é colocado por Frei Betto a necessidade de ações concretas e coletivas são essenciais para o enfrentamento da fome. O livro finaliza seu debate reafirmando essa necessidade de mobilização coletiva e de uma agenda afirmativa contra a fome.

Realizando debates e incidência em parceria com a sociedade civil, movimentos sociais, coletivos comunitários, partidos políticos, sindicatos, ONGs e pesquisadores. E apresenta no último capítulo perspectivas de atuação popular, partindo de ações que dialogam com o conteúdo da pesquisa do livro.

O livro faz um importante mapeamento e levantamento a respeito do entendimento da fome como fator político. E realiza uma maturação do posicionamento e pensamento franciscano a respeito do tema.

Ainda, segundo Fábio, espera-se que tal amadurecimento contribua para a evolução da Frente Nacional Contra a Fome, outra iniciativa elaborada a partir do relatório elaborado em 2020. “Esse livro também veio nos fortalecer enquanto franciscanos quanto ao nosso posicionamento frente às organizações e movimentos que compõem e articulam a Frente. Produzir esse livro significa ter embasamento teórico e conceitual para conduzir nossas ações.”

Lançamento do Livro

Quando: Segunda-feira, 17 de outubro de 2022, às 19h30

Onde: Live no YouTube

Livro Digital: A partir de 17/10 | www.sefras.org.br

Inscrição para as Oficinas: Site da USF

Serão realizadas três aulas online no mês de novembro (sendo duas gravadas e uma síncrona): (15/11) Estado e direito à alimentação, (22/11) A fome crônica e seu agravamento na pandemia e (29/11) Assistência alimentar na pandemia.

O link para as inscrições já está disponível e a participação será certificada pela Universidade São Francisco, que apoia a ação.

O SEFRAS

O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.

Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.

Para ajudar na seguridade dos direitos da criança e do adolescente com nossos trabalhos, nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, você pode doar qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.



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