Em 1219, durante a Quinta Cruzada, São Francisco se encontrou com o sultão do Egito, Malek al-Kamel, onde ambos apresentaram suas crenças um para o outro, e ao final da conversa se felicitaram por conhecerem novas referências religiosas. Esse encontro foi extremamente importante, principalmente dado o contexto repleto de conflitos entre concepções religiosas, pois a partir dele surge uma relação entre as instituições possibilitando a geração da paz.
Esse encontrou foi o que inspirou o Papa João Paulo II, a fazer um chamado para um encontro de todas as religiões na cidade de Assis, para que pudessem conversar e entender que a paz reside na concepção de que cada religião tem seu valor intrínseco. A partir desse encontro, então, surgiu o chamado “Espírito de Assis”, para indicar o diálogo entre as religiões com o objetivo de gerar a paz e o fim dos conflitos.
Os franciscanos da Província Franciscana da Imaculada Conceição, representados pelo Sefras, assumiram a proposta de levar a frente esse encontro, chamando demais religiosos para nossos lugares a fim de celebrar as tradições que constroem a paz. Este ano, de acordo com Frei Marx dos Reis, vice-diretor secretário da instituição, os encontros foram pensados a partir da expressão de Dom Paulo Evaristo Arns “de esperança em esperança”.
De acordo com o Frei, essa expressão simboliza a criação de uma nova esperança a partir de outra, e esse é o objetivo que buscam cumprir esse ano. “Nossos serviços, nossa sede e nossos frades, a partir dessa esperança, vão se encontrar com a esperança que está no território sagrado do outro. Dessa vez não vamos receber ninguém na nossa casa, mas vamos ao encontro da esperança”.
Por meio desses encontros, o Sefras busca realizar o diálogo entre religiões, para poder construir uma sociedade baseada nos valores de amor, simplicidade, responsabilidade, diálogo, justiça, bem comum, fraternidade universal e o diálogo. “Pois acreditamos que é de esperança em esperança que conseguiremos construir a nossa tão sonhada paz”.
25/10
No dia 25/10, segunda-feira, foram realizados dois encontros nos quais Frei Marx dos Reis esteve presente.
O primeiro ocorreu no Solo Sagrado de Guarapiranga, numa casa messiânica. O Frei relatou que relatou a entrega de dois punhados de terra como símbolo de esperança, um deles advinha do Monte Alverne, onde São Francisco recebeu a Chagas de Cristo, uma vez que, assim como os franciscanos, eles também querem reconhecer o momento sagrado. Como foi entregue a terra dos chagados, o serviço do Sefras presente no momento foi a Casa de Alice Tibiriçá, que atende pessoas acometidas pela hanseníase.
O segundo encontro realizado foi no Jardim Peri, na casa candomblecista do Pai Marcelinho e Mãe Adriana. Além de cultivarem a tradição africana no Brasil, o centro ainda ajuda no desenvolvimento de políticas públicas e na promoção da dignidade humana a partir de sua corrente religiosa. O Frei relatou que “nós, que também alimentamos o povo de rua, tiramos da mesma mesa sagrada que mata a fome dos mais vulneráveis a retribuição da graça de tudo aquilo que podemos semear”. Como foram entregues alimentos no encontro, o serviço presente foi o Chá do Padre, que atende a população em situação de rua.
27 e 31/10
Nos dias 27, quarta-feira, e 31 de outubro, domingo, foram realizados os demais Encontros da Paz de Assis.
O terceiro encontro ocorreu na Sinagoga da comunidade de Shalom, na qual o Sefras foi recebido pelo rabino Adrian Gottfried. No momento estiveram presentes os serviços Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes – CRAI e o Centro de Acolhida ao Imigrante – Casa de Assis, que atendem à imigrantes e refugiados na cidade de São Paulo.
Já o quarto e último encontro ocorreu no centro espírita do Grupo Espírita de Assistência Mediúnica GEAM, no qual a instituição foi recebida pelo médium Afonso Moreira Jr.
Com esses encontros, de acordo com Frei Tiago que também esteve presente no encontros, o Sefras buscou reforçar laços de amizade entre as diferentes religiões, independentes de doutrinas. “Nós como franciscanos nos comprometemos em criar laços, pois todosm independente da crença, procuramos fazer o bem. Não buscamos apenas fomentar uma amizade abstrata, nós temos uma causa em comum. E ao juntarmos a causa em comum com a possibilidade de dialogar, compreendemos que não estamos isolados no mundo”.
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