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"Aqui eu encontrei mais do que uma oportunidade. Aqui eu me encontrei", diz participante do Sefras

  • Foto do escritor: Melissa Galdino
    Melissa Galdino
  • há 9 horas
  • 2 min de leitura


Por sete anos, Yuri Guilherme caminhou por rotas incertas. A depressão e o uso de drogas marcaram um período difícil, atravessado também pela rua e pela busca por um lugar que oferecesse mais que acolhida — um lugar que o reconhecesse. Hoje, ele encontra na Recifran não apenas um trabalho, mas um espaço de pertencimento, autonomia e reconstrução.


Equipado com luvas, óculos e botas, Yuri diariamente se posiciona na prensa setor que já conhecia de outros empregos, mas que no Recifran ganhou um sentido completamente diferente. Para ele, não se trata só de reciclagem; é um gesto de futuro. “A gente dá um destino certo para o que polui o ambiente. É importante para o planeta e para o bairro”, conta, enquanto fala da triagem, dos metais raros, da PET que se transforma em fardo e do cuidado com cada material.


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A rotina é técnica, cheia de detalhes e também terapêutica. “Para mim, funciona como uma aboterapia”, diz. Ele viveu cinco anos de depressão, enfrentou o abuso de substâncias, perdeu vínculos e precisou aprender a recomeçar várias vezes. Foi o Sefras que o acolheu primeiro, ainda na Casa Franciscana. Depois, encontrou no Recifran um passo seguinte: um lugar em que pudesse trabalhar, mas também se curar.


“Aqui eu recebi acolhimento de verdade. Me abraçaram. O Sefras mudou minha vida.”

O Recifran vai além da reciclagem: é um espaço de cuidado, formação, renda e dignidade. Ali, ninguém ganha mais nem menos. Todo material vendido é dividido igualmente entre os trabalhadores, num modelo que fortalece o senso de justiça e pertencimento. Cursos, atividades, acompanhamento das assistentes sociais e refeições preparadas com afeto fazem parte da dinâmica diária.


O ambiente coletivo não só sustenta a rotina de Yuri, ele também fortalece sua saúde emocional. O trabalho vira estrutura. A convivência vira rede de apoio. A equipe vira proteção.


Para ele, esse tipo de projeto é urgente. “Fazer o bem está cada vez mais difícil. Projetos como esse não podem fechar”, afirma. Numa época em que o debate ambiental cresce — da COP30 às discussões sobre resíduos — a fala dele ecoa uma verdade simples: quem está na base da reciclagem é essencial para qualquer transformação sustentável.


Ao final do mês, quando o rateio é feito entre todos, Yuri leva para casa algo que não está no cálculo dos quilos processados: a certeza de que está construindo uma nova história. Uma história feita de trabalho, dignidade e afeto, três palavras que, para ele, resumem o que é o Sefras.


“Aqui eu encontrei mais do que uma oportunidade. Aqui eu me encontrei.”

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