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Nota Inter-franciscana sobre a situação do Chile

“A desigualdade não afeta apenas os indivíduos mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais”. Papa Francisco

Nós do SINFRAJUPE (Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia) expressamos nossa solidariedade ao povo Chileno, que nestes dias saem às ruas, em justa e histórica luta contra as políticas neoliberais do governo Sebastián Piñera. O Chile vive uma situação complexa e preocupante, que exige atenção e apoio de todos os países e nações, pois é resultado de um projeto econômico desenvolvido sob a destruição dos pactos internacionais dos direitos humanos, sociais e ambientais.

A população não suporta o descaso e as medidas adotadas nestes últimos anos pelo Governo na educação, assistência social e na previdência social, que culminam com uma onda massiva de endividamento da população, que vive uma situação de permanente empobrecimento. Atrelado a este quadro, o sistema político e militar envolvido em constantes casos de corrupção.

Para além da situação dos transportes públicos, que muitas das vezes é posta como cerne do problema, o sistema econômico, com ações de privatizações, apresentado como solução pelos economistas e grupos de interesses capitais, é o principal fator para o descontentamento e protestos, que se refletem em situações alarmantes vividas pela população. Dentre elas:

  1. Os baixos índices salariais da classe trabalhadora chilena. 

  2. Doze mil pessoas morrem por ano devido à falta de assistência médica, e o alto preço de medicamentos.

  3. Grande parte das famílias têm suas casas hipotecadas por priorizarem a educação de seus filhos e filhas.

  4. Parte da população chilena se individa para pagar suas refeições.

  5. Os idosos são um dos grupos mais vulneráveis com suas baixas pensões, correm o risco de perder até suas casas por não arcarem com os impostos devidos.

  6. A falta de políticas públicas de moradia, aumenta acampamentos e moradias improvisadas.

  7. No âmbito ambiental, a privatização do direito à água e a deterioração do meio ambiente, entre muitos outros fatores, levam ao desespero da população.

Nesse cenário, de falta de diálogo do governo com a população, nota-se um novo modelo de estado a serviço dos interesses de grupos hegemônicos e donos de grandes riquezas. A vida de qualquer pessoa e ser vivo não deve ser oprimida pela falta de acesso à serviços e bens, ou reduzida pelo ciclo do consumo pelo consumo.

Enquanto isso no Brasil, o governo Bolsonaro, propagandeia o modelo chileno como um exemplo de estabilidade econômica na América Latina e Paulo Guedes vem implementando essa agenda econômica falida.

Nós franciscanos e franciscanas denunciamos e repudiamos ações militarizadas nas ruas, a violência repressiva imposta pelo Estado chileno contra as manifestações, e a falta de respeito e de compaixão que quer sufocar as legítimas e necessárias reivindicações deste povo. Reafirmamos a importância do diálogo e da revisão de medidas que atendam os interesses de todos e todas, em especial, os mais vulneráveis.

Convocamos Movimentos, Coletivos, Organizações, iniciativas religiosas e pastorais, para que assumam o compromisso de articulação e de mobilização frente a vida e os direitos das pessoas e da “Casa Comum” não só se solidarizando com nossos irmãos e irmãs chilenos e chilenas, mas resistindo para que o cenário não seja exemplo para outras nações.

São Paulo, 24 de outubro de 2019

Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia

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