top of page

“Quando cheguei, não tinha nada. Hoje tenho esperança”, diz participante do Sefras

  • Foto do escritor: Melissa Galdino
    Melissa Galdino
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 15 horas

Angolano acolhido pela Casa de Assis, projeto do Sefras conta como o apoio da instituição o ajudou a reconstruir a vida em São Paulo





ree

Quando chegou ao Brasil, em uma noite fria no aeroporto de Guarulhos, Manuel Américo da Silva, de 28 anos, não imaginava que sua vida mudaria completamente. Sozinho, com poucas referências e muitas incertezas, o jovem angolano trazia na bagagem o desejo de recomeçar como tantos outros que deixam Angola em busca de estabilidade, oportunidades e um futuro mais seguro.


O fluxo migratório de angolanos rumo ao Brasil vem aumentando de forma significativa. Dados da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social mostram que, entre janeiro e maio de 2025, São Paulo acolheu 4.810 imigrantes de 90 países — e 53% deles eram angolanos. Em 2023, dos 6.896 estrangeiros acolhidos em abrigos públicos da capital, metade também era de origem angolana. Esse movimento coloca os angolanos entre os principais grupos migratórios da cidade e evidencia o papel essencial de iniciativas como do Sefras - Ação Social Franciscana, que garante acolhimento, documentação e novas oportunidades de vida.


“Eu não sabia nada sobre a Casa de Assis, nem da sua existência. Quando cheguei, por volta das 7 ou 8 da noite, tentei contato com uma pessoa que conhecia aqui, mas ela pediu para eu baixar o aplicativo do Uber e ir sozinho até onde ela estava. Fiquei inseguro. Imagine, recém-chegado, num país que não conheço, saindo do aeroporto à noite... foi assustador.”


Depois de alguns dias tentando se adaptar e encontrar um caminho, Manuel procurou ajuda em uma organização social, mas não obteve retorno. Foi então que, por indicação de um amigo, conheceu o Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), projeto do Sefras. Lá, ele foi acolhido, orientado e encaminhado ao Chá do Padre, outro serviço do Sefras voltado ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade. A partir desse primeiro contato, Manuel chegou à Casa de Assis, espaço de acolhimento e proteção para migrantes e refugiados. Essa trajetória mostra como os projetos do Sefras se conectam e formam uma rede integrada de cuidado, capaz de oferecer soluções completas — do primeiro atendimento à reconstrução da autonomia e da vida.

“A partir daí tudo começou a mudar. Encontrei na Casa de Assis o apoio que eu precisava: acolhimento, assistência jurídica, orientação para minha legalização e um espaço seguro para recomeçar. Tudo o que eu buscava, encontrei ali.”


Criadas em 2014, as Casas de Assis surgiram como resposta à crescente chegada de pessoas migrantes e refugiadas à cidade de São Paulo, especialmente aquelas vindas de países latino-americanos e africanos. Inspiradas pelos valores franciscanos de fraternidade e justiça social, as unidades oferecem abrigo, alimentação, orientação social e jurídica, apoio psicológico, cursos de capacitação e encaminhamento para o mercado de trabalho.


A assistente social Helen Mesquita, que acompanhou de perto a trajetória de Manuel, se emociona ao falar sobre o jovem:“Ele tem sonhos, força, fé e determinação. Ver um rapaz tão jovem, que deixou sua família, amigos e cultura em busca de uma vida melhor, conquistando seu espaço aqui, me enche de orgulho. Ele representa o que desejamos: que cada pessoa acolhida possa acreditar que é possível ser feliz e construir uma nova história, mesmo em um país tão desafiador quanto o nosso.”

Com o acompanhamento da equipe do Sefras, Manuel conseguiu reorganizar sua documentação, encontrar estabilidade e planejar o futuro. Hoje, ele trabalha como servidor público em um departamento da Prefeitura de São Paulo e segue estudando Gestão de Negócios Imobiliários, curso que faz graças a uma bolsa de estudos obtida com apoio da Casa. Além disso, participa de um programa de formação profissional oferecido por uma concessionária de automóveis.


“Trabalho com disciplina e gratidão, porque sei o quanto o Brasil me deu: oportunidade e liberdade. Sou muito feliz pelas chances que tenho hoje  é um grande privilégio.”

A história de Manuel representa o que o trabalho do Sefras busca diariamente: restituir dignidade e criar caminhos de autonomia para cada pessoa acolhida. Assim como ele, centenas de migrantes e refugiados encontram nas Casas de Assis não apenas um teto, mas a possibilidade de recomeçar com segurança e esperança.


“Quando você chega, procure se conectar com instituições e não apenas com pessoas. Instituições como o Sefras que garante apoio, segurança e o acesso aos seus direitos.”



Com olhar confiante e cheio de planos, Manuel sonha em seguir crescendo no Brasil.

“Gosto de economia e gestão de empresas. Meu maior sonho é me consolidar como homem de negócios aqui, continuar me desenvolvendo e aproveitar todas as oportunidades que o Brasil me oferece.”


Hoje, Manuel não apenas reconstruiu a própria vida, mas simboliza o que o Sefras acredita: que cada pessoa, quando acolhida com respeito e oportunidades, pode transformar sua história — e inspirar muitas outras.


A Casa de Assis segue sendo esse ponto de partida, onde fé, solidariedade e dignidade se encontram para reconstruir vidas.


1 comentário


Laurindo Lussati
Laurindo Lussati
há um dia

É inspirador conhecer histórias como a do Manuel Américo da Silva, que mostram como o acolhimento e a dignidade transformam vidas. Que a Casa de Assis, por meio do trabalho do Sefras, continue sendo esse espaço de esperança, reconstrução e humanidade para tantos que chegam com sonhos e desafios. O impacto que esse projeto gera é incalculável que nunca lhes falte apoio para seguir em frente nessa missão tão essencial!

Curtir
bottom of page