O projeto "Fortalecer Direitos das Mulheres Imigrantes e Refugiadas", promovido pelo Sefras - Ação Social Franciscana, se destacou como uma importante iniciativa no enfrentamento da violência contra mulheres migrantes e refugiadas em São Paulo. Com o encerramento das atividades marcado por uma Mesa de Diálogo na quarta-feira,16, o projeto apresentou os resultados de suas ações e proporcionou a troca de experiências entre diversas redes que apoiam essas mulheres.
Estiveram presentes no evento parceiras fundamentais do projeto, como Beatriz Brambilla (professora da PUC-SP E UniSantos e psicóloga), Francielle Lima (diretora do CIEJA Perus), Sheila Carvalho (assistente social da Aldeia Infantis SOS), Tatiane Rezende (SASF Elisa Maria), e outras. Cada uma trouxe uma perspectiva valiosa, fortalecendo o compromisso com o bem-estar da comunidade migrante e refugiada.
Ações realizadas
O projeto realizou diversas atividades essenciais para garantir que as mulheres tivessem acesso à informação e apoio. Entre as principais iniciativas, destacam-se o lançamento de uma cartilha sobre violência contra a mulher em oito línguas e rodas de conversa focadas no enfrentamento à violência, conduzidas em vários pontos da cidade. Oficinas prolongadas, articulações com serviços e redes e uma apresentação no Congresso de Psicologia e Migração foram outras ações relevantes.
Um destaque foi a criação do Violentômetro, uma ferramenta adaptada para ajudar as mulheres a identificar sinais de violência. Macarena Sfeir, psicóloga do Sefras, explicou: "Lançamos um material inspirado no Violentômetro do México. Esse recurso é pensado para ajudar mulheres migrantes e refugiadas a reconhecer as violências que enfrentam e a construir uma compreensão mais profunda dessas questões."
Além disso, Claudia Defendi, assistente social e também responsável pelo projeto, ressaltou: "Percebemos que, para muitas, era a primeira vez que elas tinham um espaço seguro para falar sobre a violência que enfrentavam. Elas vêm de realidades muito difíceis e, quando chegam ao Brasil, enfrentam novas formas de violência. Nosso trabalho foi oferecer apoio, orientação e, principalmente, um lugar de escuta."
Resultados
Os números alcançados são expressivos. Ao todo, 409 mulheres migrantes e refugiadas participaram das atividades realizadas em 17 distritos de São Paulo. Foram promovidas 31 atividades coletivas, incluindo oficinas e rodas de conversa.
O lançamento da cartilha em oito línguas foi fundamental para garantir que as mulheres entendessem seus direitos e os canais de proteção disponíveis. Rosângela Pezoti, supervisora técnica do Sefras, comentou: "Mais do que um encerramento, este é um momento de celebrar a conquista e agradecer. Foi um projeto itinerante muito importante, pois levamos informação e apoio para mulheres que muitas vezes se sentem desamparadas."
Parcerias e articulação
Ao longo do projeto, o Sefras trabalhou em parceria com diversas organizações, como o Centro da Mulher Imigrante e Refugiada (CEMIR), Aldeias Infantis SOS Brasil, Crai Móvel, Colégio Rainha da Paz, entre outros. Essas parcerias foram fundamentais para a execução das ações e o alcance do projeto.
Elaine Mineiro, vereadora do PSOL e membro do Quilombo Periférico, destacou a importância de iniciativas como essa e das emendas parlamentares para apoiar projetos relevantes. Em suas palavras: "As emendas são instrumentos que viabilizam iniciativas criativas e já em andamento, permitindo que ações importantes para a população de São Paulo ganhem força."
Ciclo da violência e canais de apoio
Durante o evento, discutiu-se o ciclo da violência, que se repete em três fases: tensão, agressão e a fase de "lua de mel". Mulheres migrantes, muitas vezes isoladas de suas redes de apoio, acabam vulneráveis a esse ciclo.
O projeto do Sefras foi crucial ao criar pontes entre essas mulheres e os serviços públicos, como a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, que funciona 24 horas, e o Disque 100, que recebe denúncias de violações dos direitos humanos. A Defensoria Pública também foi mencionada como fonte de assistência jurídica em casos de violência de gênero.
O evento de encerramento
O evento de encerramento foi marcado por momentos de emoção. O grupo Lakitas Sinchi Warmis, composto por mulheres imigrantes, fez uma apresentação musical, explicando que o instrumento lakita, historicamente tocado apenas por homens, é agora símbolo de resistência e igualdade. A música e as histórias contadas pelo grupo ressaltaram a força e a resiliência das mulheres migrantes.
Rosângela Pezoti encerrou o evento dizendo que, embora o projeto tenha chegado ao fim, "a luta contra a violência de gênero é contínua. Devemos seguir atentos para garantir que essas mulheres não estejam sozinhas."
O projeto "Fortalecer Direitos das Mulheres Imigrantes e Refugiadas" demonstrou ser um marco importante no enfrentamento à violência contra mulheres migrantes e refugiadas. As ações realizadas, as parcerias estabelecidas e os resultados alcançados evidenciam a força da mobilização coletiva em prol dos direitos humanos. O encerramento do projeto aponta para a necessidade de continuidade no apoio a essas mulheres, garantindo que tenham acesso a uma vida digna e segura no Brasil.
Comments