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22 anos de Recifran: inclusão social e cuidado com a Casa Comum

  • rodrigozavala8
  • 25 de jun.
  • 2 min de leitura

Na região central de São Paulo, onde as desigualdades urbanas saltam aos olhos e a vida insiste em brotar mesmo nas calçadas mais duras, o Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem - Recifran chega aos seus 22 anos de existência. O trabalho do Sefras - Ação Social Franciscana –  foi criado para oferecer uma oportunidade concreta de reconstrução de vidas por meio do trabalho, da reciclagem e da convivência.

Tudo começou no ano de 2002, quando frades franciscanos passaram a atuar junto a famílias de catadores na Praça Paulo Duarte, no centro histórico da capital. Ainda era um trabalho noturno, feito nas ruas, no improviso e na escuta. Um ano depois, em 24 de junho de 2003, o Recifran foi oficialmente inaugurado em um terreno com pátio, estrutura administrativa, banheiros e vestiários. Com isso, os catadores passaram a contar com um espaço digno para a triagem dos materiais, o que garantiu melhores condições de trabalho e vida.

Frei Vagner Sassi reflete sobre a importância do projeto: “Mais do que um serviço de

reciclagem, o Recifran é uma resposta concreta ao abandono social. É onde o cuidado com a Casa Comum caminha junto com a reconstrução da dignidade de pessoas que, por muito tempo, foram invisibilizadas.”

Hoje, o serviço é realizado em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo. A tipificação é de um Serviço de Inclusão Social e Produtiva, voltado a adultos em situação de rua. O foco é a geração de renda por meio de atividades que ampliem horizontes, devolvam autoestima e construam caminhos possíveis. Ao mesmo tempo, o Recifran promove a educação ambiental, apoia cooperativas de reciclagem e contribui diretamente para a sustentabilidade da cidade, ao evitar que toneladas de materiais recicláveis acabem nos aterros.

Atualmente, 42 participantes fazem parte do serviço, que tem capacidade mensal para até 50 pessoas. Todas as quartas-feiras, o espaço se transforma com oficinas de jardinagem, informática e arte e cultura. A cada quinze dias, os participantes também aprendem mais sobre a separação correta de materiais e sobre sustentabilidade.

Para Valéria que entrou no Recifran este ano: “Aqui eu me sinto respeitado. Voltei a ter rotina, a aprender coisas novas... e o mais importante: voltei a acreditar em mim.”

O Recifran está localizado no Glicério, bairro da Liberdade, uma das regiões com maior vulnerabilidade social da capital paulista. Marcado por moradias precárias, como cortiços, quitinetes e pensões, o Glicério concentra uma expressiva população em situação de rua e enfrenta grandes desafios de infraestrutura urbana e acesso a serviços públicos. Dados do IBGE (2010) apontam que a média de renda familiar na região é inferior a um salário-mínimo. O Plano Diretor da cidade reconhece esse território como prioritário para ações de requalificação e urbanização.

Gabriela Masteguin, coordenadora do projeto: “O Recifran é um lugar de recomeços. Cada pessoa que passa por aqui carrega uma história, e nosso papel é garantir que ela não se perca — que ela floresça.”




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