Projeto do Sefras qualifica mulheres em gastronomia sustentável e fortalece justiça socioambiental em Tanguá
- Melissa Galdino
- há 23 horas
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Ao longo deste ano, a Casa Perfeita Alegria de Tanguá (RJ), serviço do Sefras – Ação Social Franciscana, desenvolveu o projeto Cozinha-Escola “Mãos que Transformam: cuidado, terra e pão”, uma iniciativa voltada à qualificação profissional gastronômica sustentável de mulheres em situação de vulnerabilidade social no município.
Com foco na justiça socioambiental, o projeto formou 45 mulheres, organizadas em três turmas, oferecendo uma formação que integrou conhecimentos técnicos em gastronomia, práticas agroecológicas, educação financeira e oficinas de cidadania. A proposta foi além da capacitação profissional, buscando fortalecer vínculos comunitários, valorizar a cultura alimentar local e ampliar a autonomia econômica e social das participantes.
A iniciativa está fundamentada na perspectiva socioambiental, que compreende que as desigualdades sociais e as questões ambientais são inseparáveis. A exclusão social, a pobreza e a violação de direitos afetam diretamente a forma como as pessoas se relacionam com a terra, o território e a alimentação. Para o Sefras, atuar de maneira socioambiental significa promover justiça social junto ao cuidado com a Casa Comum, fortalecendo práticas sustentáveis, solidárias e comunitárias. Essa atuação dialoga diretamente com a Encíclica Laudato Si’, que convoca a uma ecologia integral, onde o clamor dos pobres e o clamor da terra são escutados como um só.
As atividades do projeto aconteceram de forma presencial, com encontros semanais na Casa Perfeita Alegria Tanguá, integrando aulas práticas em cozinha industrial, oficinas expositivas e vivências em espaços parceiros, como o Chalé Agroecológico. As participantes tiveram contato com técnicas culinárias, manipulação e preparo de alimentos, aproveitamento integral, redução de desperdícios, conservação natural e substituição de produtos ultraprocessados, sempre a partir de uma abordagem sustentável.
De acordo com Esthefanie Ramos, coordenadora da Casa Perfeita Alegria Tanguá, o projeto partiu do entendimento de que a cozinha é também um espaço de memória, identidade e fortalecimento comunitário.
“A formação propôs uma aproximação e um resgate dos saberes ancestrais ligados à terra, envolvendo não só as mulheres, mas também suas famílias. Ao reconectar essas mulheres aos conhecimentos tradicionais e à perspectiva agroecológica, o projeto reafirma a relação entre cultura, território e produção de alimentos, fortalecendo a identidade local, o cuidado e a partilha”, explica Esthefanie.
Como parte da metodologia do projeto, também foram realizadas visitas técnicas e culturais que ampliaram o repertório profissional e social das participantes. Em dezembro, as mulheres do Projeto Cozinha-Escola realizaram uma visita técnica à cozinha da Gastromotiva, onde participaram de uma formação conduzida pela Chef Claudia Queiroga, profissional com ampla experiência em cozinhas solidárias e negócios sociais. A atividade proporcionou o contato direto com outras práticas de gastronomia social e fortalecimento de iniciativas voltadas à geração de renda com impacto social.
Na mesma ocasião, as participantes realizaram uma visita guiada ao Museu do Amanhã e, posteriormente, à Escadaria Selarón, vivenciando momentos de cultura, lazer e convivência. As atividades reforçaram o acesso ao direito à cidade, à cultura e à cidadania, elementos fundamentais para uma formação integral e para o fortalecimento da autoestima e do pertencimento social.
O projeto contou com a parceria do Instituto das Irmãs de Santa Cruz (IISC), da PH & Kelly – Panificação Artesanal e do Museu Ponto de Cultura Chalé Agroecológico e Museu Vivo das Sementes Crioulas, que contribuíram com a partilha de saberes, práticas e experiências comprometidas com a sustentabilidade, a agroecologia e o cuidado com a vida.e.




















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