Por: Vitoria Martins
Como abordado em ‘Você conhece a origem da Hanseníase?’, atualmente todos os países sul-americanos têm casos de hanseníase, totalizando um total de 19.195 pessoas acometidas pela doença, como apontado pelo Ministério da Saúde.
O Brasil é o país com a maior quantidade de casos na região - com 17.979, mais de 90% de todos os casos da região. E o segundo no mundo, atrás apenas da Índia.
Esses dados se dão, ainda, em um contexto em que já foi descoberta a cura para a doença e, no caso brasileiro, é oferecida de forma gratuita pelo SUS. Além de haver diversas políticas públicas que buscam a inserção social e no mercado de trabalho.
Entretanto, essas informações são pouco conhecidas e, somado ao estigma social que ainda acompanha a doença, novos casos continuam surgindo e os diagnósticos permanecem sendo feitos de forma tardia.
Durante muitos anos, as pessoas com hanseníase foram marginalizadas, mesmo na relação com o sistema de saúde. Muitas foram sequestradas e aprisionadas em colônias e manicômios, onde eram separadas de seus familiares. Mesmo com o fim dessas instituições, o preconceito perdura.
E este é tido como um dos maiores obstáculos frente à erradicação da hanseníase. Como afirma Rejane Finotti, técnica do Programa Estadual de Hanseníase do Mato Grosso:
Muitas vezes, o preconceito acontece em decorrência de dúvidas relacionadas à transmissão da hanseníase, o que implica diretamente no diagnóstico tardio, pois na identificação de sinais e sintomas, a pessoa tem vergonha de procurar a unidade de saúde e, quando vai, ela já possui alguma sequela
Por isso, a técnica aponta a importância de desmistificar o tema, para que haja menos resistência ao tratamento, reforçando:
O preconceito e a falta de informação ainda dificultam a eficácia da cura. Pois a hanseníase não é mais uma doença vista como no passado, hoje ela tem tratamento e cura
Como saber se estou com hanseníase?
A hanseníase progressivamente começa a comprometer os membros inferiores, superiores e da face. É importante ressaltar que, a doença não é transmitida com contatos e encontros físicos pontuais, como um toque, conversa ou encontro.
Para que haja contaminação é necessário conviver sem tratamento e diariamente por um período superior a 2 anos.
Ainda, para que o diagnóstico seja feito o quanto antes, é importante se manter atento aos sinais e sintomas apresentados pelo corpo, como:
Manchas com perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato:
Formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores;
Diminuição da força muscular, dificuldade para pegar ou segurar objetos, ou manter calçados abertos nos pés;
Nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, principalmente em pés e mãos;
Áreas da pele muito ressecadas, que não suam, com queda de pelos, (especialmente nas sobrancelhas), caroços pelo corpo;
Coceira ou irritação nos olhos;
Entupimento, sangramento ou ferida no nariz.
Caso identificado algum desses sintomas, é necessária uma visita médica para realização do diagnóstico - realizado por meio de exame físico, teste de sensibilidade e exames laborais específicos.
O tratamento garante a cura da doença, interrompe a transmissão e previne avanço de sequelas físicas. E quando mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de agravamento.
O procedimento se dá principalmente por meio de poliquimioterapia, que pode ser usado por um período que pode durar até 12 meses. Após as primeiras doses, o paciente já não transmite mais a doença.
Entretanto, para a eficácia e a cura da hanseníase, é necessária a conclusão do tratamento. Caso contrário, pode ocorrer o retorno da doença, novas contaminações e resistência aos medicamentos.
Casa Alice de Tibiriçá
A Case Alice de Tibiriçá, gerida pelo SEFRAS, demonstra empenho em trilhar os passos em defesa da prevenção e combate à hanseníase! Coloca-se junto a luta pela qualidade e gratuidade do Sistema de Saúde, bem como na defesa para a garantia de programas sociais que possam ofertar melhor qualidade de vida: a garantia da gratuidade do transporte público, a defesa de benefícios sociais e de transferência de renda àqueles que já não mais conseguem atuar no mercado de trabalho, o acesso a alimentação saudável e de qualidade, dentre outros.
O SEFRAS
O Sefras é uma organização humanitária que luta todos os dias no combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, crianças pobres, imigrantes e refugiados, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.
Guiados pelos valores franciscanos de Acolher, Cuidar e Defender, atua pelo Brasil atendendo mais de 4 mil pessoas todos os dias. São serviços diários que promovem apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Para ajudar quem tem fome na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Sefras atua distribuindo mais de 4 mil refeições diariamente, além de distribuir cestas básicas, itens de higiene e cobertores e roupas de frio.
Você pode ajudar o nosso trabalho doando qualquer quantia pelo nosso site ou pelo pix: sefras@sefras.org.br.
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