Rua não é destino: Sefras marca presença no Dia de Luta da População em Situação de Rua
- Melissa Galdino
- há 6 dias
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No dia 19 de agosto, o Sefras - Ação Social Franciscana esteve presente nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro para marcar o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta da População em Situação de Rua. Os atos, realizados em diversas capitais, reafirma a importância da mobilização social diante da crescente violência e criminalização contra quem vive nas ruas.

Em São Paulo, as Casas Franciscanas - Chá do Padre e Recifran caminharam ao lado de dezenas de pessoas no centro de São Paulo, local que se tornou símbolo de memória após o massacre de sete pessoas em situação de rua em 2004. No Rio de Janeiro, a Casa Franciscana se uniu à manifestação no centro da cidade, fortalecendo a voz daqueles que diariamente enfrentam invisibilidade, fome e preconceito.
Para Matheus Cruz, técnico de articulação do Sefras: “Este é um dia de memória e também de denúncia. Lembramos as vidas interrompidas na Praça da Sé e, ao mesmo tempo, mostramos que a violência contra a população em situação de rua não ficou no passado. Ela persiste e atinge, sobretudo, pessoas negras e invisibilizadas. Para o Sefras, estar aqui é reafirmar o compromisso de acolher, cuidar e defender essas vidas.”
Um dia de memória e resistência
O Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta da População em Situação de Rua nasceu como resposta ao massacre da Praça da Sé, há 21 anos, quando sete pessoas foram brutalmente assassinadas enquanto dormiam. Esse episódio tornou-se um marco da luta por direitos, visibilidade e justiça.
Hoje, infelizmente, a violência contra pessoas em situação de rua segue em alta. Dados apontam que o Brasil já ultrapassa 335 mil pessoas vivendo nas ruas (OBPopRua/Polos da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG). Somente em São Paulo, são cerca de 96 mil pessoas, enquanto no Rio de Janeiro, mais de 21 mil vivem em calçadas, praças e abrigos improvisados. Ao invés de políticas de proteção, essa população tem enfrentado um processo de criminalização e discriminação ainda mais acentuado, transformando vítimas em alvo de perseguições e preconceito.
A assistente social do Chá do Padre, Silvia, reforçou: “Nosso trabalho diário é estar ao lado de quem vive nas ruas, oferecendo cuidado e apoio, mas também fortalecendo sua voz na luta por direitos. Participar deste ato é mostrar que não se trata apenas de assistência, e sim de resistência coletiva contra a exclusão e o preconceito.”

O papel das Casas Franciscanas
Nesse contexto, espaços como as Casas Franciscanas são fundamentais. São lugares pensados para acolher, cuidar e defender a população em situação de rua, oferecendo alimentação, apoio social, acesso a direitos e, sobretudo, dignidade.
Vozes da luta
Durante o ato em São Paulo, participantes do Chá do Padre reforçaram o sentido de ocupar as ruas:
“Rua não é lugar para viver. Hoje estamos aqui para dizer que merecemos um teto, respeito e oportunidades.” — João, participante do Chá do Padre.
“A luta é por dignidade. Ninguém escolhe estar nas ruas, e precisamos de políticas que olhem para nós.” — Maria, participante do Chá do Padre.
Seguimos em caminhada
A manifestação, que percorreu as ruas do centro e lembrou que a rua não pode ser destino de ninguém. Para o Sefras, estar presente nesse ato é reafirmar sua missão: continuar ao lado da população em situação de rua, exercendo memória, denunciando a violência e construindo caminhos de dignidade.