No segundo dia da Assembleia Anual do Sefras, os trabalhadores vivenciaram momentos profundos de reflexão e inspiração. O dia, que celebrou os 800 anos das Chagas de São Francisco, começou com uma fala pelo Frei José Francisco, diretor-presidente do Sefras,: "Hoje, celebramos mais do que uma data ou uma conquista. Celebramos a coragem de amar e acolher, porque o contrário do amor não é o ódio, mas sim o medo. E é superando esse medo que construímos um mundo mais fraterno e justo."
A data das Chagas é extremamente significativa para os franciscanos, marcando a conformidade da vida com Cristo e a paixão de São Francisco pelos mais pobres, pelos animais e pela natureza. Frei José lembrou que as chagas simbolizam a essência do amor, e destacou a necessidade de agir com paixão para tornar palpável o cuidado com a Casa Comum, uma das principais responsabilidades do Sefras.
O tema central do dia foi a crise climática e o papel da organização frente a esse cenário. Os debates destacaram a insustentabilidade do nosso atual modelo de vida e a urgência de promover ações agroecológicas que possam alimentar toda a humanidade.
Os convidados para o debate, Gilmar Geraldo Mauro, liderança do MST, e Igor Bastos, do Movimento Laudato Si’ do Brasil, trouxeram análises importantes sobre a conexão entre questões ambientais e econômicas. Gilmar destacou que o futuro do meio ambiente já começou e que as mudanças climáticas previstas pelos cientistas estão acontecendo agora. Igor, por sua vez, enfatizou a necessidade de uma desaceleração para encontrar um caminho mais sustentável e esperançoso.
O Frei Gustavo Medella também estava presente como convidado do Sefras para discutir assuntos sobre espiritualidade e atualidade: “O Sefras transcende a atuação como um simples serviço social; é, na essência, uma verdadeira fraternidade que acolhe e transforma vidas.”
Durante a tarde, uma dinâmica em formato de aquário discutiu os principais desafios e oportunidades que o Sefras enfrentará nos próximos três anos. Irmã Margareth, coordenadora da Casa de Assis lembrou que, diante das grandes mudanças climáticas, a fome tende a aumentar, destacando a urgência de ações que promovam a inclusão e o cuidado com os mais vulneráveis.
O dia foi encerrado com uma mística que homenageou os 24 anos do Sefras e os 800 anos das Chagas de São Francisco.
Alguns trabalhadores leram um cordel em formato de poesia.
Cordel com poesia
Foi uma noite e chegou uma manhã: 1° dia - 17 de setembro.
Cá estamos nós para uma conjuntura...
Se pensamos nas Chagas, ou nos 800 anos, talvez em uma prece tudo ganhe estrutura...
São 800 anos de chagas e feridas, mas também de acolhida, cuidado e defesa pelos pobres.
Como o amor e a dor deixam marcas nas pessoas. Como o amor e a dor feriram Francisco naquele lugar há 800 anos e, mesmo ferido, ele desceu ao encontro dos feridos de sua época.
Quais são as chagas do nosso tempo hoje? Quais são as marcas que deixamos na vida daqueles que atendemos? Quais são as marcas que deixamos na vida daqueles com quem convivemos? Quais são as marcas das nossas vidas? Quais são as marcas do nosso tempo?
As queimadas, os incêndios...
É a Mãe Terra sofrendo dores de parto. Que mão é essa que causa tanta ferida? A lepra hoje também está na criação, que é tomada, incendiada pelo ódio, intolerância, desamor e deixada sem louvor. Queimam vidas que mal conhecem, e a nossa casa, enquanto mundo, desmorona em violência, arrogância e no sofrimento dos empobrecidos. Quem somos no meio desse ser que destrói? De que forma estou ajudando a construir minha casa?
São 800 anos de protagonismo na vida de milhares, pelo diálogo, pelo encontro com o diferente e até com quem não gosta da gente.
25 anos protagonizando uma história de sonho e esperança COM e não somente PARA. Somos seres em constante construção e, por isso, continuamos nossa canção... "Lá vai São Francisco" - Ney Matogrosso.
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