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Sefras: projeto promove cidadania para migrantes nas periferias de São Paulo

  • Foto do escritor: Melissa Galdino
    Melissa Galdino
  • 11 de jun.
  • 3 min de leitura

Projeto executado pelo Sefras - Ação Social Franciscana - fortalece lideranças migrantes em ocupações periféricas com acesso a direitos, formação política e articulação comunitária.


Desde outubro do ano passado, cinco lideranças migrantes têm atuado como elo entre comunidades imigrantes e o acesso a direitos fundamentais na cidade de São Paulo. Com atuação em cinco territórios periféricos e foco especial em ocupações urbanas, o projeto “Mobilização de Migrantes para Participação Cidadã e Acesso a Direitos” já impactou mais de 900 pessoas em apenas seis meses. A iniciativa é financiada por emenda parlamentar da Bancada das Pretas, por meio da deputada estadual Mônica Seixas (PSOL), e busca transformar realidades a partir do protagonismo coletivo.



Formação e protagonismo migrante


Logo no início do projeto, cinco lideranças migrantes — cada uma representando uma nacionalidade e uma região da cidade — passaram por uma formação intensa na Escola Nacional Paulo Freire. Foram dias de estudo sobre políticas públicas, direitos sociais e práticas de mobilização comunitária. A partir daí, cada liderança passou a ser ponte viva entre sua comunidade e o projeto, ajudando a mapear demandas, traduzir temas e mobilizar moradores.

“Essas pessoas não são apenas multiplicadoras de conteúdo. Elas são porta-vozes das urgências de suas comunidades”, explica a Claudia Defendi, coordenadora do projeto.



Ocupações como epicentro da vulnerabilidade — e da organização


A escolha por atuar em ocupações urbanas não foi por acaso. A experiência mostrou que é nesses espaços — onde migrantes se instalam por pura necessidade, sem saber muitas vezes da luta política que envolve o território — que há maior desinformação e desproteção.

O projeto atua hoje em:


  • Zona Leste (Guaianases): com apoio da Associação de Mulheres Imigrantes Luz e Vida (AMILV), que reúne principalmente mulheres bolivianas;

  • Zona Norte (Santana): ocupação com mais de 200 famílias africanas, principalmente de Angola e Congo;

  • Zona Noroeste (Anhanguera): comunidade de haitianos em área rural, onde há também luta por reforma agrária a partir de ocupação do MST;

  • Zona Sul (Interlagos): ocupação de venezuelanos às margens da represa Billings;

  • Centro: ações junto a migrantes em situação de vulnerabilidade urbana abrigados em centros de acolhida.

A casa comum se constrói com alianças

Além da escuta atenta das comunidades, o projeto aposta na articulação socioterritorial: busca serviços públicos, UBSs, CRAS, movimentos sociais e lideranças locais para construir em conjunto respostas concretas. Uma das alianças mais potentes se deu com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que doou 2 toneladas de alimentos da Feira da Reforma Agrária para apoiar as comunidades envolvidas no projeto: Santana, Anhanguera e Interlagos e também a Casa Franciscana - Chá do Padre.

“A parceria com o MST mostra como lutas populares se entrelaçam. Eles não só compartilharam alimentos, mas ajudaram a fortalecer o plano político-pedagógico do projeto.”


Direito à cidade e à informação


Entre os temas debatidos nas oficinas, estão desde o funcionamento do SUS até a regularização fundiária, passando por aulas de português e rodas sobre documentação, trabalho, saúde, moradia e educação. O lema é: ninguém fica para trás.

“A moradia é a porta de entrada para todos os outros direitos”, afirma a Claudia, lembrando que a maioria dos migrantes chega às ocupações sem saber dos processos de luta, posse ou riscos envolvidos no território.


Fechamento com impacto


Com uma meta inicial de 800 participantes em um ano, o projeto já superou essa marca em seis meses. E mais do que números, ele fortalece o sentido de pertencimento, articulação e resistência das comunidades migrantes, que deixam de ser apenas “alvo de políticas públicas” e se tornam protagonistas de sua própria história.


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